terça-feira, agosto 15, 2006

O navegante da madrugada



A cidade já se quietara a tempo, quando ouvimos o barulho da moto, era o dileto amigo e mago Locobueres, chegando de uma de suas noitadas; bem ao jeito dele, avisou que iria "pousar" conosco, o que prazeirosamente festejamos, mas, só o faria, a pedido de um tal de Johnny Walker, já que eramos o porto mais próximo.Antes de tombar, deixou cair do bolso da jaqueta um papel com letras manchadas acho de caviar, pastel de gato, baton e lágrimas, poema que agora tenho a primazia de publicar.

O navegante da madrugada

Para matar o dormir ao amar é que te digo:
Ouves ao longe..?

São os murmúrios da madrugada..

Mantilhas que vem dilacerar teus sonhos..,

Antes, teus miolos,
Depois, teu fígado,

-Quem és, minha luz..?

-Não ..,

- Então o que se passa que não passa.?!

Esquece os teus olhos de pão,

Porque o amor que tens a oferecer é via de mão úmida, assim dizem as tuas, crispadas ao relógio tirado da parede fria, que declama:

“ È uma dor não doída que nem a sentes,
tão demente é a mente
que esse teu amor é uma semente que já nasceu doente ...”

Não ouses tremular as pálpebras que é uma expressão de covarde valentia, é a noite do além telhado com seu mar de estrelas vigilantes, quem te fala:

É o mesmo que morreres muitas vezes por dia afogado de tanta sede...”

Não é música o que te diz o ranger dos punhos que te socam da escápula as malquistas lembranças , é a corda que a ata quem te diz:

“ É o despreparo para ter uma alma, preciso era teres duas;”

Depois é o teu chinelo, adormecido feito um cachorro fiel ao teu chão, tão alerta a tua escuridão quem te fala:

“É o estares amotinado infinitamente contra o estado de espírito e de corpo...”

Te embala!..., diz um teu pé,

Para!... diz um outro, para ouvires,

É que o velho ventilador que não ventila, com sua voz de barulho e mormaço, fraca,
te sopra:

“É o não estares contigo, tua condição de gostar de quem sente o nada, por ti, é um premio por tentares desconstruir o desconstrutível..

Agora que deixaste vir o amanhã, a lua minguante é quem te lança um olhar furibundo e te solicita:

-Desengasga logo o canto desse galo moço..!


Ou cante por ele..

(Eduardo Bueres)


2 comentários:

Citadino Kane disse...

Xico,
Continuo insistindo o Locobueres é uma lenda, não existe, é um espírito andante, ou melhor, é um espírito motorizado... De vez em quando aparece e desaparece juntamente com o orvalho da madrugada.
Mas é poeta...
Um abraço

soyChapin disse...

¡ah no!.. este si no lo entendí.... bueno, tocará hacer el esfuerzo...
por cierto ¿de dónde conoces Guatemala?

te invito a ver Videos Chapines algunos hechos en Guatemala, otros no, pero TODOS, pensando en Guatemala.